220 litros por dia. Essa é a quantidade de água consumida, em média, por cada habitante de Araçatuba. O número sozinho não assusta, mas se multiplicarmos essa quantia por 198.129.000, que equivale à população da cidade, segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), chegaremos a um total de quase 43 milhões de litros de água consumidos por dia. O valor é o dobro do recomendado pela OMS (Organização Mundial de Saúde) que estima que 110 litros são suficientes para que uma pessoa seja atendida em suas necessidades básicas. A tendência de consumo superior ao que é recomendado pela OMS também se verifica em todo o Brasil, onde, segundo dados do Instituto Trata Brasil, o consumo médio é de 166,3 litros por habitante/dia.

Araçatuba é abastecida por duas fontes de captação superficial, o Ribeirão Baguaçu e o Rio Tietê que possuem capacidade de produção de até 79 milhões de litros diários, aproximadamente. Os dois são responsáveis por 90% do abastecimento da cidade, que conta ainda com quatro captações subterrâneas: dois poços no bairro Ipanema, que fazem parte do complexo Tietê, um poço no Jussara e um poço no condomínio Copacabana, que recebe água do Aquífero Bauru. Os poços do Ipanema e Jussara recebem água do Aquífero Guarani.  

Tanta disponibilidade hídrica não deve ser desperdiçada. Embora tenha reservatórios suficientes para manter o abastecimento, Araçatuba precisa se manter alerta para evitar uma crise hídrica. Para isso, o consumo consciente é a chave. Atitudes como evitar a lavagem de calçadas, reutilizar água da máquina de lavar e diminuir o tempo de banho podem contribuir para evitar um racionamento.

“O governo federal já emitiu um alerta de emergência hídrica até setembro em cinco estados brasileiros, incluindo São Paulo, devido à falta de chuva. Porém, em Araçatuba ainda não verificamos uma tendência ao desabastecimento, mas estamos acompanhando os índices e a situação das nossas fontes de abastecimento”, comenta o diretor técnico da GS Inima SAMAR, Eduardo Caldeira. A concessionária é responsável pelo abastecimento de água e tratamento de esgoto de Araçatuba.

Desde o ano passado, quando a cidade ficou com mais de 100 dias sem chuva e registrou temperaturas muito altas, a GS Inima SAMAR vem monitorando de forma constante e sistemática o ribeirão Baguaçu e, até o momento, não prevê risco de desabastecimento. “De qualquer forma, não é hora de usarmos a água de forma irresponsável. É preciso a conscientização e o cuidado de todos para que possamos passar pelo período de estiagem sem grandes problemas”, diz Eduardo Caldeira.

Para amenizar o problema da estiagem, a GS Inima SAMAR está trabalhando para reduzir as perdas físicas de água tratada. “Esse número estava em torno de 49% antes de assumirmos a concessão e vem diminuindo, conforme os investimentos e intervenções na rede avançam. São parte dos esforços que temos feito para garantir a continuidade do abastecimento”, afirma o diretor técnico da GS Inima SAMAR. A empresa também instalou uma balsa com bombas extras no Rio Tietê, que permite a captação mais distante da margem, isso garante que um volume de captação razoável mesmo em período de estiagem.  

O diretor regional do DAEE (Departamento de Águas e Energia Elétrica), Lupércio Ziroldo Antonio, lembra que os cursos d’água cruzam mais de um município e por isso é importante haver também um planejamento visando a proteção das nascentes. “Nossa região está localizada na bacia hidrográfica do Baixo Tietê. A disponibilidade de água nesta bacia é uma das melhores do Estado em especial pelo Aquífero Guarani que nos garante água subterrânea de boa qualidade.  No entanto, muitos municípios e nossa agricultura dependem bastante das águas superficiais e, neste cenário, temos que desenvolver mais ações de proteção e preservação para garantir sustentabilidade e disponibilidade futura”, comenta.

O executivo, que também é governador Honorário do Conselho Mundial da Água, também lembra a missão que a GS Inima SAMAR tem em Araçatuba. “Cabe à empresa garantir as ações de preservação dos mananciais de abastecimento de forma sustentável para que haja sempre disponibilidade e qualidade destas águas para todos”, diz Ziroldo Antonio.

Para o secretário municipal de Meio Ambiente e Sustentabilidade, Lucas Proto, investimentos da iniciativa privada junto com os mecanismos de políticas públicas devem ser constantes para manter os recursos hídricos da cidade. “É preciso exercer a recuperação, reflorestamento e restauração ecológica das Áreas de Preservação Ambientais dos corpos hídricos, juntamente com programas de educação ambiental e uso consciente da água”, pontua.

Segundo Proto, o monitoramento de pontos específicos e encaminhamento de denúncias e fiscalização ambiental por parte da Prefeitura são trabalhos que trazem resultados, contudo, ainda é preciso o apoio da população.

Confira a reportagem completa publicada no jornal O Liberal Regional, no dia 28 de julho:

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